Notas da rodagem de "Jaune le soleil" de Marguerite Duras
Seria necessário que o filme desse a impressão de ter sido rodado sem electricidade, que todo o efeito de luz fosse completamente banido. Que todo o filme se banhe numa luz uniforme que não favoreça nenhum personagem. Que seja a mesma luz para todos.
É um filme sobre a palavra. A imagem, aqui, serve para transportar a palavra. À volta dela, ela precisa de espaço, a fim de tomar a sua amplitude exacta.
Voltemos ao processo comum dos filmes. Aqui, é a palavra que tem lugar de contacto corporal, assim como os ruídos, os uivos dos cães, o ruído das palavras.
O espaço off é aqui tão importante como o espaço in. Staadt, autor do texto, aje como a palavra. Os ruídos são deformados. Os uivos dos cães são ruídos de choro.
As câmaras de gás existiram. A fome existe. Os campos gregos também. Outras cãmaras de gás - o subterrâneo do metro da Défense - existem. Simplesmente elas são, como se diz, inevitáveis e não desejadas. A vida resiste ao horror que passa os limites do imaginário, e uma defesa é oposta passando igualmente os limites do imaginário. Perguntamo-nos: Como se pode viver em Praga? Em Leninegrado? Em Buenos Aires? Em Calcutá? Mas também no Bronx? Em Dallas? Pode-se sempre. Por ora, ainda não o suicídio colectivo. Pode viver-se em toda a parte.
A defesa intervém em toda a parte. Esta, releva de um fenónemo de classe (semelhante ao proletariado) ou de um fenómeno completamente incontrolável, loucura, serenidade, a graça: evoco assim o fenómeno da curiosidade pelo outro. Sabana dorme. Mas quando ela acorda não é nela que pensa mas no outro. Ela olha tudo violentamente e assim se alimenta, vive.
O filme deverá ser simples. Ângulos certos da palavra. Ângulos certos da imagem. Nada de palavras sinuosas, nada de travelings curvos. Os planos são aproximados. Os grandes planos reservam-se para a inocência. Por vezes David, por vezes Sabana.
-
Cinevideo . Proposta II
Como foi referido na aula, pretende-se a criação de um imaginário audiovisual partindo do texto proposto.
Quem desejar pode optar por um projecto livre de animação, interdisciplinar com a cadeira de grafismos.
É um filme sobre a palavra. A imagem, aqui, serve para transportar a palavra. À volta dela, ela precisa de espaço, a fim de tomar a sua amplitude exacta.
Voltemos ao processo comum dos filmes. Aqui, é a palavra que tem lugar de contacto corporal, assim como os ruídos, os uivos dos cães, o ruído das palavras.
O espaço off é aqui tão importante como o espaço in. Staadt, autor do texto, aje como a palavra. Os ruídos são deformados. Os uivos dos cães são ruídos de choro.
As câmaras de gás existiram. A fome existe. Os campos gregos também. Outras cãmaras de gás - o subterrâneo do metro da Défense - existem. Simplesmente elas são, como se diz, inevitáveis e não desejadas. A vida resiste ao horror que passa os limites do imaginário, e uma defesa é oposta passando igualmente os limites do imaginário. Perguntamo-nos: Como se pode viver em Praga? Em Leninegrado? Em Buenos Aires? Em Calcutá? Mas também no Bronx? Em Dallas? Pode-se sempre. Por ora, ainda não o suicídio colectivo. Pode viver-se em toda a parte.
A defesa intervém em toda a parte. Esta, releva de um fenónemo de classe (semelhante ao proletariado) ou de um fenómeno completamente incontrolável, loucura, serenidade, a graça: evoco assim o fenómeno da curiosidade pelo outro. Sabana dorme. Mas quando ela acorda não é nela que pensa mas no outro. Ela olha tudo violentamente e assim se alimenta, vive.
O filme deverá ser simples. Ângulos certos da palavra. Ângulos certos da imagem. Nada de palavras sinuosas, nada de travelings curvos. Os planos são aproximados. Os grandes planos reservam-se para a inocência. Por vezes David, por vezes Sabana.
-
Cinevideo . Proposta II
Como foi referido na aula, pretende-se a criação de um imaginário audiovisual partindo do texto proposto.
Quem desejar pode optar por um projecto livre de animação, interdisciplinar com a cadeira de grafismos.
2 Comments:
"Quem desejar pode optar por um projecto livre de animação, interdisciplinar com a cadeira de grafismos."
Não será antes com a cadeira de Desenho Gráfico II?
Peço desculpa pelo lapso.
Tem toda a razão. Refiro-me a Desenho Gráfico II
- Vítor Almeida
Post a Comment
<< Home